Nota sobre Moscovici

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Filósofo da ciência, antropólogo, grande teórico da ecologia, e por fim eminente psicologo social, Serge Moscovici faleceu na noite de 15 para 16 de novembro de 2014.

Nascido em 1925 em uma família judia no interior da Romênia, conheceu uma infância difícil. Expulso do colégio em 1938 pelas leis antisemitas, escapou ao grande pogrom de 1941 nas ruas de Bucarest. Em Paris desde 1948, trabalhou e estudou psicologia. Defendeu a tese de doutorado em 1961 sobre A psicanálise, sua imagem e seu público. Suas primeiras publicações datam dos anos 1970, quando era professor do departamento de antropologia da Universidade Paris-VII (Jussieu).

Foi membro ativo da associação Os Amigos da Terra, que ajudou a fundar. Marcado pelo papel das ciências e da técnica na segunda guerra mundial, ele se interrogava sobre o sentido da modernidade e do progresso. Contribuiu para a tornar a « natureza » o objeto de um programa de pesquisas e de políticas. Seus livros sobre a relação humana com a natureza, por seu conteúdo precursor, marcariam toda uma geração surgida em maio de 68. Serge Moscovici recusa a divisoria entre a cultura e a natureza presente nas teorias da sociedade.

Volta-se para a psicologia social, em particular o estudo dos processos de influência, rejeitando a fronteira precisa entre o individual e o coletivo. Com Psychologie des minorités actives (1979) e L’Age des foules (1981), ele dá à psicologia social uma estatura que ela não tinha na França. Em 1976 torna-se diretor do Laboratório Europeu de Psicologia Social e a partir dos anos 80, a teoria das representacoes sociais ganha visibilidade. No Brasil, desde 1982, com a contribuição de Denise Jodelet, uma extensa rede de pesquisadores vem trabalhando nesta perspectiva e se reune a cada dois anos. Moscovici apoiou a criacao de tres centros internacionais de estudos e pesquisas em representacoes sociais no pais.

É inegável sua contribuição para a comunidade cientifica de Psicologia Social no Brasil, como em outros paises latinoamericanos.

Esta nota retoma elementos do texto da jornalista Julie Clarini publicado no jornal francês Le Monde no dia 16.12.2014.