MANIFESTAÇÃO DA ABRAPSO – Estágios na graduação durante a pandemia

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A ABRAPSO tem participado de diálogos sobre a questão da realização de estágios curriculares supervisionados nos cursos de graduação em Psicologia no cenário da pandemia. A ambiência em que ocorrem estes diálogos é o Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira (FENPB).
Abaixo tornamos pública a manifestação da diretoria da ABRAPSO entregue aos nossos pares do FENPB.

Em síntese, os posicionamentos da nossa associação tem sido no sentido de colaborar com a dialogia por meio da defesa de um encaminhamento da problemática em sintonia com os princípios que historicamente a ABRAPSO tem adotado para nortear as suas ações e reflexões. Especificamente acerca dos estágios na graduação em cursos de Psicologia durante o período pandêmico apresentamos recomendações tais como: que a integralidade das atividades formativas garantam a participação e inclusão de todo o corpo discente de cada curso de Psicologia, de modo a impedir que estudantes sejam excluídos dos processos educativos, em particular aqueles oriundos das classes empobrecidas; que ações adotadas pelas universidades não representem adesão às práticas de educação a distância (EaD) ou ensino híbrido na etapa após a pandemia; que sejam evitadas discussões, proposituras e encaminhamentos simplistas, binárias ou limitadores de um entendimento informado da complexidade do momento.
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ABRAPSO:
ESTÁGIOS NÃO PRESENCIAIS FRENTE À PANDEMIA

 

 

Primeiramente, gostaríamos de reforçar as preocupações e reflexões sinalizadas no documento Realização de estágios e práticas nos Cursos de Graduação em Psicologia no contexto da Pandemia de COVID-19: posição e orientações do CFP e ABEP (2020), uma produção articulada entre o Conselho Federal de Psicologia (CFP) e a Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP). Ao mesmo tempo, parabenizamos o movimento das respectivas entidades, e do Sistema Conselhos como um todo, de proposição de debates com ampla participação da categoria, de modo a extrair saídas coletivas e dialógicas. Pensamos que saídas coletivas configuram o caminho correto para que nos debrucemos sobre problemas igualmente coletivos.

Buscando não sermos repetitivos frente às considerações já postas por inúmeras entidades, assim como as contidas no próprio documento supracitado (que pode ser acessado em: https://drive.google.com/file/d/1_Ij9-EzNl4dUiRTk1VSV030hjQliEorR/view), apresentamos, face à origem, histórico e pressupostos da ABRAPSO, os seguintes pontos que, para nós, devem balizar o debate, configurando-se como questões de fundo.

 

1)        A defesa de uma Psicologia plural, fundamentada em um projeto ético-político de transformação social, com horizonte a supressão de nossas desigualdades sociais;

2)        A defesa intransigente de uma formação crítica, de qualidade e socialmente referenciada;

3)        Por conseguinte, a defesa também intransigente da formação em psicologia qualificada pelo ensino presencial, sobretudo no que diz à (futura) prática do(a) profissional psi;

4)        A consideração da excepcionalidade momentânea em que estamos vivendo;

5)        A compreensão de que o estágio diz de uma dimensão formativa fundamental para a prática psi, não podendo ser entendido e/ou reduzido a uma prática profissional;

6)        Os reiterados processos de precarização da prática docente e formação, tanto no âmbito público quanto no privado, orientados cada vez mais por lógicas mercantis, em que as ferramentas online, sob mantos da modernização e flexibilização, vêm sendo utilizadas. Trata-se, pois, de uma discussão não apenas técnica – por mais que essa também seja uma faceta fundamental -, versando sobre a viabilidade das ações, a acessibilidade e os procedimentos a serem utilizados, mas política, circunscrita ao movimento da realidade brasileira e totalidade social, nossas estruturas sociais e particularidades na presente conjuntura;

7)        No que se refere às especificidades dos estágios mais comuns ao guarda-chuva da Psicologia Social, a saber, aqueles concernentes às políticas sociais (saúde, assistência social, educação, justiça, segurança pública etc.), entendemos que o estágio na modalidade remota não resolve a questão da “acessibilidade dos segmentos vulneráveis atendidos pelos/as formandos/as em Psicologia sob a supervisão dos docentes” (ABEP; CFP, 2020). Nesse sentido, é importante o aproveito do momento para reforçar a dimensão do ensino que perpassa o estágio, privilegiando grupos de estudo, discussão, capacitação interna etc., assim como atividades de cunho mais administrativo que possuam função pedagógica e façam sentido dentro da perspectiva formativa do estágio.

8)        Independente das decisões tomadas, a necessidade de apoio e suporte a discentes, docentes e demais que necessitem, em decorrência do momento vivido que afeta a todos(as).

 

 

Diretoria ABRAPSO 2020-2021