A ABRAPSO vem a público manifestar sua total solidariedade a todas as vítimas da truculência policial e a todos os manifestantes injustamente presos nos protestos do último dia 15 de outubro, no Rio de Janeiro, em defesa de uma educação pública, laica, gratuita e de qualidade.
Os atos recorrentes de violência e de abuso de poder perpetrados pela Polícia Militar do Rio de Janeiro (subordinada, vale lembrar, ao chefe do Governo do Estado), amplamente documentados e registrados pela mídia alternativa (enquanto a mídia oficial insiste em transformar todos os manifestantes em vândalos e terroristas), parecem-nos injustificáveis, e isso tanto mais quanto menos compatíveis com um verdadeiro, amplo e irrestrito Estado Democrático de Direito.
Esses atos têm nos feito lembrar os piores dias dos piores anos de nossa história recente, e são evidentemente um resquício da ditadura civil-empresarial-militar, como fez questão de observar a própria Ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário Nunes.
O direito à manifestação é um direito constitucional. E os protestos populares, que podem assumir as mais diversas formas, são o instrumento de realização desse direito. No caso dos protestos do dia 15 de outubro, se os protestos se tornaram violentos, os elementos catalizadores foram evidentemente a própria truculência policial, como temos acompanhado cotidianamente pelos meios alternativos de comunicação para não falar da manipulação promovida pela grande mídia nacional e das opressoras condições de trabalho e vida nas grandes cidades brasileiras.
Nós, da ABRAPSO, consideramos que em nome da defesa da ordem pública, o que se está levando a cabo é um verdadeiro conjunto de medidas arbitrárias e que visam atender aos interesses de grupos particulares em prejuízo da ampla maioria da população e do estado de direito. Os manifestantes presos foram enquadrados numa lei claramente foi elaborada tendo em vista os grandes eventos que serão realizados no nosso país. Como efeito, nossa população começa a ser mais fortemente criminalizada para que os grandes investimentos públicos, privados, nacionais, internacionais não sejam ameaçados.
Somamos forças com aqueles que entendem que a segurança da população não pode ser ditada por setores que estão meramente interessados na organização destes eventos.
Att.
ABRAPSO Nacional.