Diante do recente rompimento da Barragem do Córrego do Feijão, na cidade de Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, a Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO) – Regional Minas Gerais, juntamente com o apoio da ABRAPSO Nacional, vem a público manifestar seu repúdio a esse novo crime ambiental e social, de responsabilidade da mineradora Vale. A referida tragédia ocasionou mais de 300 vítimas diretas, entre mortos e desaparecidos, além de diversos animais mortos, a vegetação local destruída e um grande impacto no Rio Paraopeba, afetando centenas de famílias que vivem às suas margens.
Há tempos vemos a exploração mineral desenfreada e pouco sustentável em nosso estado e, desde o ocorrido com a barragem em Bento Rodrigues, no município de Mariana, nos atentamos para os riscos de rompimentos de barragens no estado de Minas Gerais e no Brasil, trazendo consequências diretas e indiretas para diversas comunidades, grande impacto ambiental e psicossocial, bem como a perda irreparável de vidas.
O novo episódio ocorrido em Brumadinho, além de ser um alerta de que em nada as mineradoras envolvidas aprenderam com o passado, deixa claro o descaso e pouco compromisso com a segurança de outras barragens. A mineração desenfreada vem atendendo, mais uma vez, a lógica do capital, no qual os recursos naturais são explorados a fim de acumular riquezas para poucos, independentemente dos impactos gerados pela atividade mineral.
É preciso que o Estado e toda a sociedade civil organizada atentem-se para a importância de legislações ambientais mais rígidas e de compromisso social, sobretudo diante do contexto político em que tais medidas são vistas como exageradas.
A ABRAPSO se solidariza com as famílias e todas as pessoas afetadas, na certeza de que esse crime não pode ficar impune. Como uma instituição acadêmica e científica de Psicologia Social, prezamos pelo empoderamento dos sujeitos, assim como pela promoção e defesa dos Direitos Humanos. Nesse sentido, defendemos que a exploração de recursos minerais não pode estar à frente da vida humana e dos impactos ambientais. Somos a favor de um modelo sustentável de mineração, no qual o lucro do capital não seja maior que o interesse humano e social.
Esperamos que os crimes ambientais em Mariana e Brumadinho, juntamente com seus negativos impactos psicossociais, não sejam nunca esquecidos.