Hoje, 18 de maio, comemora-se o Dia da Luta Antimanicomial. A ABRAPSO vem afirmar a importância dessa luta, não apenas hoje, mas em todos os dias e em todas as trincheiras de enfrentamento aos manicômios, às práticas de violência contra pessoas em sofrimento psíquico e face a todo o aparato de internação, de tratamentos baseados em aprisionamentos, de utilização dos eletrochoques, das internações compulsórias e do uso excessivo de drogas psicotrópicas para dopar e calar a dor e a loucura. Os movimentos sociais que enfrentaram as forças econômicas, políticas, sociais e culturais dos manicômios devem ser parabenizados e podem avançar suas pautas na perspectiva da reabilitação psicossocial, libertária e acrescida da economia solidária, do acesso às políticas de habitação, de trabalho, de atendimentos na rede básica de saúde; pautadas, na arte, na luta por direitos e na educação para a diferença.
A ruptura com as paredes dos hospitais psiquiátricos ocorreu de forma significativa, no Brasil, contudo, muitas práticas manicomiais ainda estão presentes na política de saúde mental brasileira, cristalizadas em enfermarias de hospitais gerais, em comunidades terapêuticas, em usos indiscriminados de medicamentos psicotrópicos, em atuações verticalizadas de gestores ou de equipes de profissionais na área de saúde mental.
A vertente caritativa-filantrópica-empresarial da política sobre drogas vem, infelizmente, se apropriando de práticas de internação para isolar, segregar e até mesmo de tortura em espaços religiosos e privados, marcadamente regidos por princípios manicomiais.
Os hospitais de custódia ainda estão amplamente espalhados e usados para internar e segregar o chamado louco perigoso, um contrassenso e injustiça, pois, como se pode cuidar, prendendo alguém que cometeu um delito, classificando-a como perigosa, rótulo esse que não se sustenta em saberes e somente referendam racismos, preconceitos e discriminações negativas formuladas em práticas forenses de cunho moral.
No cenário atual, há grandes desafios e problemas graves no que tange ao retrocesso da política de saúde e de direitos brasileira. As perdas de direitos fundamentais, a fragilização da democracia, a ilegitimidade de uma série de decisões referentes à extinção de ministérios, de secretarias, de demissão de funcionários de cargos de confiança historicamente envolvidos com a luta antimanicomial e a retirada de verbas vultosas da política de saúde mental traz uma assustadora perspectiva.
A implantação de políticas que visem a acabar com o SUS, além do aumento da criminalização das resistências dos movimentos sociais, por fim, provavelmente irá criar efeitos desastrosos na luta antimanicomial brasileira. A ABRAPSO vem repudiar todos os retrocessos em curso e declara total apoio aos movimentos sociais envolvidos na luta antimaniconial em busca da sustentação da diferença, articulada ao SUS por meio de sua importante rede intersetorial, integral e equitativa de atenção psicossocial.
A ABRAPSO acredita nessa luta e afirma sua relevância como mecanismo da democratização das subjetividades, das relações sócio-culturais e da abertura para a produção da diferença.
Direção Nacional
Gestão 2016-2017