Esse pequeno texto tem como objetivo apontar debates possíveis sobre a conjuntura de pandemia atual e como esta aguça a precariedade e as condições de violência vividas pelas mulheres. Para tal, baseia-se na obra de Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva, de Silvia Federici, publicada no Brasil em 2017 (e originalmente, na língua inglesa, em 2004). Essa reflexão é fundamental pois, diante do cenário de crise estrutural do capital atravessada pelo COVID-19, testemunhamos, mais uma vez, a incapacidade do sistema vigente de apresentar respostas concretas que atendam às necessidades da população. Na verdade, no primeiro sinal de crise, as mulheres, sobretudo as negras e periféricas, são as primeiras a sofrerem com a precarização das condições de trabalho, com o iminente colapso do sistema de saúde, serviços públicos e redes assistenciais.