CARTA PÚBLICA DE REPÚDIO À VIOLÊNCIA POLICIAL AOS ESTUDANTES NO IGC/UFMG

A diretoria da Associação Brasileira de Psicologia Social – Regional Minas Gerais (ABRAPSO-MINAS), ao comprometer-se com a construção de uma sociedade democrática pautada no combate a qualquer forma de opressão, repudia a violência policial ocorrida no dia 03 de abril de 2008 no Instituto de Geociências (IGC) da UFMG, na qual discentes e docentes foram violentados fisica e moralmente.

Acionar a força policial no intuito de conter a realização de um evento que buscava discutir a criminalização/legalização da maconha, como foi feito no dia 03/04/08 no IGC/UFMG, é impedir que a universidade pública cumpra um de seus papéis fundamentais: a promoção de debates sobre temáticas que interpelam cotidianamente a sociedade brasileira. Cabe ressaltar que o documentário proposto para discussão durante este evento – “Grass” Maconha – foi divulgado pela Revista Superinteressante e encontra-se em bancas de jornal de todo o país.

Soma-se a isso, o fato de ter ocorrido uma atuação da polícia militar dentro de um Instituto de uma universidade pública federal, num momento em que não se verificava nenhuma ação criminosa, o que coloca urgentemente como pauta nos debates das universidades federais o tema da autonomia universitária e também sobre a função e importância da polícia militar na sociedade brasileira.

Assim, é fundamental à UFMG averiguar, o mais rápido possível, os responsáveis diretos e indiretos pela ação policial ocorrida e, diante dos resultados desta investigação, assumir medidas cabíveis a estes responsáveis e promover a construção de debates públicos sobre a autonomia universitária  e as formas de violência que ocorrem no espaço da universidade e na sociedade brasileira.

A diretoria da ABRAPSO-MINAS é solidária à mobilização dos estudantes, decorrente do lamentável episódio ocorrido no IGC/UFMG, uma vez que demonstra ser uma manifestação pacífica e favorável à construção de um ambiente seguro e democrático na UFMG. É de grande importância a participação ativa de todos os atores da universidade (discentes, docentes e funcionários) para que se promova, cada vez mais, uma universidade comprometida com o combate a diferentes tipos de violência e discriminação e com o respeito ao direito de vez e voz destes atores na dinâmica universitária.

Diante destes posicionamentos, reafirma-se o repúdio à ação da polícia militar no IGC/UFMG no dia 03/04/2008, e um posicionamento favorável à autonomia universitária das universidades públicas federais, à mobilização estudantil e à luta constante por uma sociedade justa e democrática. 

14 de abril de 2008,

Diretoria da ABRAPSO-MINAS