Entre os dias 30 e 31/03 o Núcleo ABRAPSO Sergipe em articulação com outras entidades realizou o Seminário Tecendo a Rede: Atenção a Autores de Violência de Gênero” no Auditório do Ministério Público. Confira o relato sobre como foi o evento:
Nos dias 30 e 31 de março, o Núcleo Sergipe da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO), em articulação com a Frente em Defesa dos Direitos da Mulher, da Assembleia Legislativa de Sergipe (ALESE) e do Tribunal de Justiça do estado de Sergipe (TJSE), realizou o I Seminário Tecendo a Rede: Atenção a Autores de Violência de Gênero. O evento foi o resultado da articulação de diversas entidades municipais, da cidade de Aracaju, e do estado de Sergipe, a fim de debater situações de violência de gênero e combater a cultura do machismo que atravessa a atual sociedade.
Mulheres em geral são persuadidas a crer que são inferiores aos homens, seja fisicamente, quando tratadas como sexo frágil, seja intelectualmente, quando consideradas incompetentes para o exercício de diversos cargos de chefia. Frequentemente, passam por situações humilhantes que as colocam em posição de inferioridade, fazendo com que acreditem dever algo à sociedade só por serem mulher. Uma diferença biológica é tratada socialmente como símbolo pejorativo no seio das relações sociais. No entanto, para além do machismo corriqueiro que enfrentam no seu cotidiano, muitas mulheres passam por situações de agressão. Nas relações com familiares, com pais, irmãos, tios, maridos, namorados, elas são espancadas. Com a ideia de que as mulheres próximas a eles são sua propriedade, muito homens deferem golpes, que espancam e muitas vezes matam.
No ano de 2015, a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), realizou uma pesquisa a respeito da violência contra a mulher e constatou que de janeiro a outubro, houve 63.090 denúncias, o que significa em um relato de violência a cada 7 minutos no Brasil. O Ligue 180 registrou também, que 49,82% das denúncias tratavam de violência física, 30,40%, de violência psicológica, 7,33%, violência moral, 4,86% de violência sexual e 1,76%, de cárcere privado. Os dados ainda mostraram que 85,85% dos casos, eram de violência doméstica. De cada 7 feminicídios, 4 foram praticados por pessoas que tiveram ou que tinham relações íntimas com a mulher morta. Tais dados, colocam o Brasil, de acordo com pesquisa comparativa, como o 5º pior país para uma mulher viver. Diante deste quadro, fica nítido que os mecanismos e instâncias de apoio e acolhimento da mulher agredida, não são suficientes para desconstruir práticas e hábitos seculares.
No intuito, assim de reforçar a rede de atenção à mulher, é que as entidades em defesa de seus direitos propuseram um Seminário de cunho estadual, para pensar estratégias de acolhimento ao homem agressor e de reeducação para um convívio social mais harmonioso. Se a sociedade tem consciência de que a mulher abusada deve ser cuidada, não problematiza ou se questiona a respeito do que deve acontecer com o agressor. Assim, entre os dias 30 e 31 de março, foi desenvolvida uma programação com 4 mesas redondas para apresentar trabalhos que são realizados em Sergipe e fora do estado, de atendimento ao agressor. Como resultado desta articulação, esperamos que o acolhimento socioterapêutico possa se constituir Política Pública no nosso estado e possa entrar na vanguarda do movimento que preza pela defesa dos direitos da mulher.