O momento vivenciado pela população brasileira é inquietante e perigoso. Enfrentamos uma grave pandemia que ameaça a vida de todas as pessoas e cujos desdobramentos alcançarão com maior gravidade e letalidade os segmentos sociais empobrecidos. No campo político, temos Jair Bolsonaro na Presidência da República, um homem que manifesta desprezo pela preservação da existência humana e que tem se dedicado a vandalizar todas as formas de socialidade orientadas pela convivência ética e pelo respeito à alteridade. Ele e os seus apoiadores têm manifestado reiterada e obstinada devotação ao aniquilamento de quaisquer anseios de construção de uma sociedade democrática e ganas por eliminar os grupos e indivíduos identificados como seus opositores sociopolíticos. Nesta quadra histórica a ABRAPSO outra vez eleva-se como o ethos concreto e simbólico para aquelas pessoas que não assentem com reduções democráticas e tiranias.
A nossa associação floresceu no princípio dos anos 1980 por meio da ação de profissionais, pesquisadores, estudantes e militantes que trabalhavam pela democratização do país e que, de maneira justificada, lutavam contra as violências e o terrorismo de estado engendrados pelos dirigentes da ditadura civil-militar sob as bênçãos dos seus adeptos. Eram tempos em que cidadãos autoproclamados cristãos, zelosos pela manutenção da propriedade privada e da família tradicional – supostamente ameaçadas pelo espectro do comunismo – apoiavam os asselvajados agentes estatais em sórdidas maquinações dedicadas aos ataques à vida e aos abusos e covardias concretas e simbólicas contra pessoas identificadas como inimigas internas por ousarem rogar pelo respeito à humanidade.
Agora, quase 40 anos depois, encontramo-nos novamente num período posterior a outro golpe de estado, perpetrado contra uma Presidenta, mulher (é preciso destacar) eleita e injustamente deposta, após sombrios arranjos entre parlamentares, setores do judiciário e do empresariado, animados por uma avassaladora campanha midiática que direcionou e conduziu às ruas grupos sociais autoritários escoltados por hipócritas, cínicos e acumpliciados. O desarranjo sociopolítico provocado por este golpe nos conduziu ao estágio presente, em que temos como chefe do poder executivo um autocrata, que rotineiramente e com incompreensível orgulho, explicita concepções de mundo execráveis, norteadas pelo ódio aos povos indígenas, negros, mulheres, pessoas periféricas, entre tantos outros grupos. Ainda, tem cometido ilegalidades e crimes em profusão, além de atuar como capatázio de gatunos, rapinadores e delinquentes milicianos.
A ABRAPSO jamais sucumbiu à neutralidade irresponsável e nesta etapa continuará a trabalhar por uma Psicologia Social comprometida com os ideais de autonomia e empoderamento popular. Diante deste cenário e alicerçada em seu histórico de lutas coletivas contra as opressões, as explorações e os ataques à vida é que a ABRAPSO comunica que está lado a lado com 400 entidades brasileiras, partidos políticos e movimentos sociais que protocolaram pedido de impedimento do presidente Bolsonaro. Não é mais possível tergiversar FORA BOLSONARO!
Sabemos que vivenciamos um processo de grande sofrimento, mas é preciso forças para garantir a mobilização e atuação imediata em defesa da vida. Os desmandos criminosos do chefe do executivo nacional e o genocídio iminente da população brasileira engendrada por ele e por seus apoiadores solicitam que os profissionais, estudantes e pesquisadoras da Psicologia Social se engajem na atividade dirigida às lutas coletivas contra o indecoroso, o aviltante e o desonesto. É ocasião de lutar contra odientos, racistas, misóginos, elitistas classistas e irracionalistas. O primeiro passo é retirar Bolsonaro da presidência.
A ABRAPSO diz presente!!!! ao assinar e se engajar com o pedido popular de impeachment de Bolsonaro.
Texto: Deivis Perez
ABRAPSO
Presidente: Deivis Perez
Secretária: Vanessa Louise Batista
Tesoureiro: Régis de Toledo Souza
Diretora de Comunicação: Maria Cristina Dancham Simões
Diretor de Relações Internas: Pedro Henrique Antunes da Costa
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