Nota de repúdio às declarações do (agora ex) Secretário Nacional da Cultura – 17/01/2020
Fascistas! Nazistas! Não passarão!
Repudiamos as declarações do Secretário Nacional da Cultura do atual governo, Roberto Alvim, que utilizou paráfrase de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda durante a Alemanha Nazista, em anúncio de programa federal de fomento às artes. É preciso ressaltar a incongruência do secretário ao estabelecer relações entre a arte e a propaganda fascista.
A arte é importante elemento para se pensar um mundo justo e para transformar a realidade, e associá-la um dos maiores horrores da história da humanidade significa agir em seu contrário. Não é de uma estética nazista que o Brasil necessita para salvar-se de seus infortúnios históricos, elaborar suas mazelas, lutar contra uma série de violências. Aproveitamos o momento para parafrasear (com a devida citação da fonte) Theodor Adorno, filósofo, judeu e crítico da cultura, que viveu o período do nazismo e dedicou sua vida aos estudos sobre as origens desse triste fenômeno. Para ele, na negação do conceito de cultura apresenta-se o cancelamento de conceitos como autonomia, espontaneidade e crítica. A autonomia acaba porque o espírito experimenta a cada momento a sua impotência. A espontaneidade diminui porque a planificação se sobrepõe à emoção individual, predeterminando-a, reduzindo-a a aparência. A crítica é a última que se vai, porque o espírito crítico incomoda (T. W. Adorno, Cultura e administração, 1959).
A demissão do secretário, algo emergencial e que contribui para escamotear outros absurdos deste governo, não mudaria o fato de que as condições para a repetição de violentos horrores já estejam dadas, uma vez que este governo ataca ferozmente a cultura, a educação, a saúde, os direitos humanos e aprofunda as desigualdades sociais, contando, infelizmente, com o apoio de parte da sociedade. Enquanto religiões e nacionalismos estiverem acima de todos, a barbárie estará presente.
O Prêmio Nacional das Artes divulgado no pronunciamento do ex-secretário aponta para o incentivo aos setores que valorizam linguagens artísticas próprias da produção da elite e não abarca a riqueza da diversidade cultural brasileira, incorrendo no erro de reduzir a democratização da arte e cultura no país – movimento em curso desde 2017. Sendo assim, não é satisfatório apenas a exoneração efetivada, mas a explicitação completa do caráter do plano materializado na proposta de tal premiação e a reformulação da proposta incluindo os fazeres e saberes da cultura e arte popular, que não estão inclusos no que ele chamou da criação de uma nova Arte nacional capaz de encarnar simbolicamente os anseios desta imensa maioria da população brasileira.
Que o governo passe a agir preocupado com o seu cidadão, oprimido e sem acesso às artes, sob pena de qualquer ideia de grandeza não passar de um perigoso delírio.
Nota de rechazo de las declaraciones del (ahora ex) Secretario Nacional de Cultura – 17/01/2020
Fascistas! Nazis! ¡No pasarán!
Rechazamos las declaraciones del Secretario Nacional de Cultura del gobierno actual, Roberto Alvim, quien utilizó la paráfrasis de Joseph Goebbels, ministro de Propaganda durante la Alemania nazi, en el anuncio de un programa federal de promoción de las artes. Es necesario enfatizar la incongruencia del secretario al establecer relaciones entre el arte y la propaganda fascista.
El arte es un elemento importante para pensar en un mundo justo y para transformar la realidad, y asociarlo con uno de los mayores horrores de la historia humana significa actuar en su opuesto. No es una estética nazi lo que Brasil necesita para salvarse de sus desgracias históricas, elaborar sus males, luchar contra una serie de violencia. Nos tomamos el tiempo para parafrasear (con la cita de la fuente adecuada) Theodor Adorno, filósofo, judío y crítico de cultura que vivió el período nazi y dedicó su vida a estudiar los orígenes de este triste fenómeno. Para él, la negación del concepto de cultura presenta la cancelación de conceptos como la autonomía, la espontaneidad y la crítica. La autonomía termina porque el espíritu experimenta su impotencia a cada momento. La espontaneidad disminuye porque la planificación se superpone a la emoción individual, predeterminándola, reduciéndola a la apariencia. La crítica es la última que desaparece, porque el espíritu crítico la molesta (T. W. Adorno, Cultura y administración, 1959).
La renuncia del secretario, que es algo de emergencia y contribuye a ocultar otros absurdos de este gobierno, no cambiaría el hecho de que las condiciones para la repetición de horrores violentos ya están dadas, ya que este gobierno ataca ferozmente la cultura, la educación y la salud, derechos humanos y profundiza las desigualdades sociales, desafortunadamente, con el apoyo de parte de la sociedad. Mientras las religiones y los nacionalismos estén “sobre todo”, la barbarie estará presente.
El Premio Nacional de las Artes publicado en la declaración del ex secretario apunta a alentar a los sectores que valoran los lenguajes artísticos propios de la producción de élite y no abarca la riqueza de la diversidad cultural brasileña, cometiendo el error de reducir la democratización del arte y la cultura en el país. – movimiento en progreso desde 2017. Por lo tanto, no solo es satisfactoria la exoneración realizada, sino que la explicación completa del carácter del plan se materializó en la propuesta de dicho premio y la reformulación de la propuesta, incluidas las acciones y el conocimiento de la cultura y el arte popular, que no Están incluidos en lo que llamó la creación de un nuevo arte nacional “capaz de encarnar simbólicamente los anhelos de esta inmensa mayoría de la población brasileña”.
Que el gobierno debe actuar preocupado por su ciudadano oprimido sin acceso a las artes, de lo contrario, cualquier idea de grandeza sería un delirio peligroso.
Note of rejection of the (now former) National Secretary of Culture statements – 01/17/2020
Fascists! Nazis! They will not pass!
We repudiate the statements of the current government’s National Secretary of Culture, Roberto Alvim, who paraphrased Joseph Goebbels, minister of Propaganda during Nazi Germany, in an announcement of a federal arts promotion program. It is necessary to emphasize the secretary’s incongruity in establishing relations between art and fascist propaganda.
Art is an important element for thinking about a just world and for transforming reality, and associating it with one of the greatest horrors in human history means acting against it. It is not a Nazi aesthetic that Brazil needs to save itself from its historical misfortunes, to elaborate its ills, to fight against its escalating pattern of violence. We will paraphrase (with proper source quote) Theodor Adorno, a philosopher, Jew, and cultural critic who lived through the Nazi period and devoted his life to studying the origins of this sad phenomenon. For him, the negation of the concept of culture presents the cancellation of concepts such as autonomy, spontaneity and criticism. Autonomy ends because the spirit experiences its powerlessness. Spontaneity decreases because planning replaces individual emotion, predetermining it, reducing it to appearance. The criticism is the last one that goes away, because the critical spirit bothers it all (T. W. Adorno, Culture and administration, 1959).
The resignation of the secretary, contributes to conceal other absurdities of this government, would not change the fact that the conditions for the repetition of violent horrors are already given, since this government fiercely attacks culture, education, health, human rights and deepens social inequalities, unfortunately, with the support of part of society.
The National Arts Award published in the former-secretary’s statement points to the encouragement of sectors that value artistic languages proper to elite production and does not encompass the richness of Brazilian cultural diversity, making the mistake of reducing the democratization of art and culture in the country – movement in progress since 2017. Therefore, it is not only satisfactory the exoneration made, but the full explanation of the character of the plan materialized in the proposal of such award and the reformulation of the proposal including the doings and knowledge of culture and popular art, which are not included in what he called the creation of a new national art “capable of symbolically embodying the yearnings of this immense majority of the Brazilian population.”
As long as religion and nationalism are “above all,” barbarism will be present.
The government should act concerned about its oppressed citizens without access to the arts. Any idea of grandeur would be a dangerous delirium.
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