Divulgação do Relato do “Fórum ABRAPSO que queremos: Políticas Científicas”

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FÓRUM ABRAPSO QUE QUEREMOS: POLÍTICAS CIENTÍFICAS

Coordenador: Emerson Rasera

Relatora: Dolores Galindo 

O Fórum de Políticas Científicas, realizado no Encontro Nacional da ABRAPSO, contou com a presença das/os Professoras/os convidadas/os Maria Juracy Toneli (UFSC-ANPEPP), Antonio Virgílio Bastos (UFBA-CAPES) e Luciano Mendes (UFMG – FCSHA) e foi coordenado pelo Professor Emerson Rasera (UFU-ABRAPSO), com a Professora Dolores Galindo (UFMT-ABRAPSO) como relatora. Seguem destaques que não abrangem a totalidade das falas de cada expositora/or.

A Professora Maria Juracy Toneli, representante da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Psicologia (ANPEPP) deu o tom da sua fala, intitulando-a “Políticas cientificas em tempos sombrios”. Lembrou duas cenas emblemáticas do cenário sombrio que vivemos e que exibem a posturas perigosas sobre o papel da Psicologia e das Ciências Humanas, hoje. Na primeira cena, uma/um docente, durante evento científico, aludia que caberia a cada pesquisadora/or aprender a divulgar e vender o que fazemos na pesquisa, elaborando um bom portifólio, e que se isto não se dava era pela baixa estima das/os pesquisadores/as pesquisadores. Maria Juracy Toneli advoga por uma outra estratégia de ação no cenário das políticas científicas que não se reduza a culpabilização de pesquisadoras/es e a marketização da pesquisa. A segunda cena tem como espaço um encontro de associação científica no qual cerca de sessenta entidades científicas estavam presentes e uma das posturas que prevalecia era a de que as Ciências Humanas poderiam ter um papel relevante e assegurar seu lugar nas Ciências Brasileiras ao atuarem como mediadoras na divulgação das ciências duras. A Professora relata haver questionado este papel de mediação que enfraquece as Ciências Humanas. Entende que o momento de corte orçamentário na Pós-Graduação é um momento para lutar pela recomposição orçamentária e também para repensar o projeto de ciência e tecnologia que orienta a Pós-Graduação. Passando especificamente à Psicologia, a representante da ANPEPP ressalta a importância de garantir a diversidade teórica e metodológica na agenda  para além das disputas internas. Indaga: O que queremos como agenda de área? O que é excelência no cenário dos Programas de Pós-Graduação em Psicologia? A quadrienal aponta que a psicologia social talvez não interesse aos programas de psicologia mais bem qualificados na avaliação, como nos posicionamos diante disto? Lança o desafio. A respeito da internacionalização na Psicologia,  problematiza: Qual é o impacto dos artigos que escrevemos  junto às pessoas? Qual é o efeito político das nossas publicações?  Para a docente, urge que os saberes do Sul tenham maior destaque e que a internacionalização não se resuma à publicação em língua inglesa. Como cerre da sua apresentação, elenca algumas das ações da ANPEPP para fortalecer a Pós-Graduação em Psicologia, tais como edital para apoio a periódicos de programas de pós-graduação o que incentiva revistas a superar barreiras de qualificação, ampliação do debate sobre os critérios de avaliação de pesquisadores pelo CNPq e dos Programa de Pós-Graduação pela CAPES, consulta a coordenadoras/es dos grupos de trabalho da ANPEPP sobre o formato dos mesmos, participação no FENPB e no Fórum do FCSHA como aposta em saídas coletivas. 

A partir da experiência na coordenação do Fórum de Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicas, o Professor Luciano Mendes ressalta que a fala da Anpepp vem ao encontro do que o Fórum vem pensando sobre internacionalização que reside em dar ênfase à cooperação Sul-Sul e a problematizar o inglês como língua franca nas ciências humanas a partir da qual é mensurada a internacionalização. Defende que Políticas de linguagem e políticas de ciência devem ser consideradas de modo articulado para promover uma internacionalização de mão dupla. Entende que a internacionalização da pesquisa não deve ser orientada a produtos e sim a processos. Observa que as pontuações sobre Internacionalização que aborda no debate resultam  do I Seminário sobre Internacionalização do FCSHA. Recorda que o Sistema Nacional de Pós-Graduação foi fortalecido na ditadura, de modo que muitos dos problemas atuais nas políticas científicas tem mal de origem. Defende que um plano corajoso deve colocar o sistema de ponta-cabeça.
 
O Professor Antônio Virgílio, após exposição detalhada do cenário da Pós-Graduação em Psicologia e da Avaliação na área, observa que grande parte do conhecimento que produzimos se dá no âmbito da extensão universitária. Como fazer com que o conhecimento produzido na extensão seja visível na avaliação da Pós-Graduação em Psicologia? Destaca que a Psicologia vem buscando romper com limitações na avaliação e cita algumas ações: diferenciar Programas de Pós-Graduação (PPGGs) apenas com mestrado de PPGs com Mestrado e Doutorado, acompanhar a evolução de cada PPG nas avaliações, conferir maior destaque à formação de Recursos Humanos e o uso da tabela de melhores produções que evita o produtivismo. Aponta que a CAPES considera toda e qualquer cooperação internacional (não apenas no eixo Norte-Sul), e que foi introduzida na avaliação da internacionalização o critério de qualidade do periódico (acima de B2). Relata que a área vem potencializando aberturas existentes no Sistema Nacional de Pós-Graduação, dentre elas a extensão já que o atual Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) reforça o compromisso com a solução de problemas nacionais. Na avaliação do último quadriênio foram considerados  os diferentes papeis dos docentes, não sendo a produção o único critério para qualificar o corpo docente. Lembra que a extensão na pós-graduação deve estar vinculada à produção de conhecimento e que isto deve estar evidenciado nos relatórios. Enfatiza que a dimensão qualitativa da avaliação vem sendo uma busca constante. A respeito do preenchimento da Plataforma Sucupira chama a atenção para a qualidade dos itens que evidenciam a vocação do curso e como este efetua sua missão. No PNPG, a produção  cientifica termina adquirindo proeminência, a área não tem como escapar. Contudo, observa que a avaliação é multidimensional e cita que um dos mais bem qualificados PPGs em internacionalização tem nota quatro.
 
Todas as falas das/dos representantes da ANPEPP, FCSHA e CA Psicologia/CAPES reconhecem que atravessamos um momento difícil na Pós-Graduação marcado por um acentuado corte de orçamento e incertezas quanto ao futuro do sistema nacional de pós-graduação, sendo necessárias ações de enfrentamento.