Nosso Orlando de Todos os Dias

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A convite da ABRAPSO os Núcleos de Pesquisa Margens (UFSC) e NUH (UFMG) divulgam nota sobre o massacre em Orlando e a realidade LGBT no Brasil

 

Nosso Orlando de Todos os Dias

 Recentemente acompanhamos pela mídia o triste acontecimento em Orlando, nos Estados Unidos da América, em que 49 pessoas foram mortas em uma boate gay. Com certeza trata-se de mais um efeito trágico da homofobia e é preciso que não nos calemos. Para além de Orlando, no entanto, é também imperioso problematizarmos a dura realidade brasileira na qual a homo/lesbo/bi/transfobia mata diariamente e não nos indignamos na mesma proporção.

Nosso tecido social impregnado por agenciamentos misóginos, sexistas, racistas, classistas é traduzido, nesse momento, por um Congresso Nacional no qual manifestações dessa ordem tornaram-se frequentes. No período de 2008 a 2014, foram mortas 604 pessoas travestis e transexuais no Brasil, segundo a organização não governamental Transgender Europe. O Relatório sobre a Violência Homofóbica no Brasil, publicado em 2012 pela Secretaria de Direitos Humanos, apontou a ocorrência de 3.084 denúncias de violações contra a população LGBT (e é preciso considerar aqui que são as efetivamente registradas, o que pode significar um número expressivamente maior do que esse). O Relatório 2015 dos Assassinatos de LGBT no Brasil, elaborado pelo Grupo Gay da Bahia, assinala a ocorrência de 318 homicídios.

Simultaneamente, enfrentamos o fortalecimento de grupos conservadores que ameaçam os poucos avanços obtidos nos últimos anos com relação aos direitos e à cidadania LGBT. A retirada das discussões de gênero do Plano Nacional de Educação, assim como de vários Planos estaduais e municipais, atesta essa ofensiva em meio à vulnerabilização crescente das mulheres e das pessoas LGBT.

A Psicologia Social comprometida com os direitos humanos e com o fortalecimento da democracia não pode se calar nesse momento.

MARGENS: modos de vida, família e relações de gênero (UFSC)

NUH – Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT (UFMG)

ABRAPSO – Direção Nacional (2016-2017)