4º Encontro regional N-NE da Abrapso
Entre os dias 23 e 25 de outubro de 2014, aconteceu em Manaus/AM, na UFAM, o 4º Encontro Regional Norte Nordeste da Associação Brasileira de Psicologia Social (Abrapso). O tema deste evento bienal foi Movimentos Sociais e Políticas Públicas: construções entre saberes e práticas”. Compareceram ao evento 281 participantes da região Norte (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) e Nordeste (Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte), com representantes dos movimentos sociais (Azulilás, Coletivo Jovem de Meio Ambiente do Amazonas, Associação das Mulheres Indígenas Artesãs Alto do Rio Negro, Movimento Maria Sem Vergonha, Jaime Diakara – movimento indígena, Feminista Baré, Adriano Furtado de Oliveira – artista e fanzineiro, Magaiver – cantor e poeta, Maracatu Quebra Muros, Fórum LGBT/Amazonas, Sindicato de Assistentes Sociais do estado do Amazonas) e do poder público (Secretaria de Educação do Estado do Amazonas, Secretaria Municipal de Saúde, Casa de Saúde do Índio, Fundação Municipal de Cultura e Turismo, Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos e Conselho Regional de Psicologia 20a região).
Na conferência de abertura, Jaime Diakara apresentou ao público uma amostra da cosmologia da etnia Dessana, trazendo reflexões bastante (im)pertinentes: como o conhecimento de seu povo era desvalorizando diante daquele científico; as tentativas de domesticação dos povos indígenas e a instauração de identidades forçadas para eles; a falta de políticas públicas adequadas para atender às necessidades desses grupos sociais. Houve também apresentação do coral da UFAM e de grupo da etnia Tikuna, seguido de um delicioso coquetel amazônico.
A metodologia proposta pela organização do encontro priorizou a discussão de trabalhos científicos com a participação direta dos representantes dos movimentos sociais e do poder público, fazendo isso por meio dos Grupos de Trabalho (1- Educação e Formação; 2- Saúde; 3- Trabalho; 4- Política, Democracia e Movimentos Sociais; 5- Mídia, Comunicação Linguagem e Artes; 6- Ética, Violência e Direitos Humanos; 7- Histórias Metodologias e Teorias; 8- Gênero, Sexualidade, Raça, Idade e Territórios de Existência). Dessa forma, foi possível estabelecer bons diálogos entre os presentes e propiciar a quebra da primazia científica sobre outros pontos de vista, especialmente aqueles oriundos dos representantes dos movimentos sociais expressando suas demandas por melhorias sociais, como também dos representantes do poder público revelando o desafio de estar executando programas e projetos voltados à população. O ganho principal foi demonstrar que a atividade científica deve estar diretamente relacionada com as demandas sociais, na busca de soluções que sejam inovadoras e tragam igualdade e justiça social.
Nas Rodas de Conversa (1- Formação e Educação; 2- Gênero e Sexualidade; 3- Políticas de Saúde e Assistência Social; 4- Política, Democracia e Movimentos Sociais; 5- Ética, Violência e Direitos Humanos; 6- Políticas Socioambientais), os palestrantes quebraram a formalidade da mesa-redonda para fazerem um círculo, de modo que os presentes puderam conversar entre si de modo mais dialógico e desenvolto. O resultado foi a aproximação entre todos e intensidade nas discussões, o que com certeza fez com que cada um se sentisse acrescido pela participação no evento.
Nas assembleias, ficou mais uma vez bastante claro que a Abrapso não pretende ser uma associação que se mantém neutra, tal qual pretende a ciência tradicional. Foram tirados alguns encaminhamentos: próximo encontro regional (Boa Vista/RR em 2016); organização dos núcleos e políticas internas; posicionamento frente à votação para presidência da república. Isso tudo sem deixar de prestigiar as apresentações artísticas (curtas regionais, Fabiano Barros com sarau de poesia, Maracatu Quebra Muros), a culinária regional e as atividades culturais de Manaus.
Em suma, foi um encontro que superou as expectativas dos participantes, pois por meio de uma metodologia que propiciou relações mais dialógicas e participativas, a grande maioria pode despertar para questões pertinentes à Psicologia Social, a saber: um fazer científico que se dá pelos encontros entre as pessoas, compromissado com busca de melhorias sociais e respeitando as necessidades, particularidades e diversidade de pontos de vista da população brasileira conforme seus contextos sociais.
Regionais Norte e Nordeste da ABRAPSO