O GRUPO TORTURA NUNCA MAIS DE SÃO PAULO, indignado, tomou conhecimento pelo jornal Folha de São Paulo de hoje, 25.3, pág. C-1, de um relatório produzido pela Polícia Civil no ano passado que coloca 50 policiais militares como suspeitos de 150 assassinatos entre 2006 e 2010, além de deixar 54 pessoas feridas.
Isso demonstra, caso se comprove, que não houve controle do governo do Estado sobre as polícias, muito menos qualquer respeito pela vida, o primeiro dos direitos do Homem e de todos os seres vivos.
Segundo o relatório apresentado pelo jornal, 39% desses crimes, que tiraram filhos de suas mães e levaram desespero e sofrimento às famílias não tiveram motivo algum, o que demonstra profunda ausência de sentimentos, do sentido de compaixão e de humanidade. Outros 20% foram praticados por vingança, 13% por abuso de autoridade, 13% como limpeza de maus elementos, 10% por cobrança do tráfico de drogas e 5% por controle de jogos de azar. São crimes sobre crimes.
Exigimos do governador Geraldo Alkmin, das autoridades de Segurança e de Justiça do Estado. e também do comando da Polícia Militar que prestem conta sobre esses casos ao povo de São Paulo e tomem providências imediatas na apuração e veracidade dos crimes relatados. É inaceitável a possibilidade de que agentes do Estado pagos pela população para protegê-la atuem como seus algozes, transformando cidadãos em seus alvos, seus reféns e suas vítimas fatais. Trata-se de desrespeito ao Estado de Direito, pelo qual tanto lutamos.
É o momento de as entidades defensoras dos Direitos Humanos demonstrarem sua indignação contra essa afronta à vida humana. Esse é o preço que a sociedade, principalmente sua parte mais pobre e vulnerável, paga pela impunidade de agentes do Estado que contam com a impunidade. Sabemos que as autoridades de segurança têm tomado medidas no sentido de coibir os excessos, mas o conteúdo do relatório publicado pela imprensa mostra que isso é insuficiente.
Rose Nogueira
Presidente
São Paulo, 25 de março de 2011
PELA VIDA, PELA PAZ,
TORTURA NUNCA MAIS!
NA LUTA CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO
DOS MOVIMENTOS SOCIAIS.