No próximo dia 10 de dezembro de 2010 será lançado pela editora Contracapa, na Livraria do Museu da República, Rio de Janeiro, às 18hs, o livro Falatório: participação e democracia na escola. Fruto de extensa pesquisa realizada pela equipe do NIPIAC Núcleo de Pesquisa e Intercâmbio para a Infância e Adolescência Contemporâneas , sob a coordenação da professora Lucia Rabello de Castro, o livro traz o resultado de quatro anos ininterruptos de trabalho, de 2006 a 2009. Seu objetivo se traduziu no mapeamento, discussão e análise dos dados obtidos junto à cerca de 2.600 crianças e jovens e 180 educadores de 96 escolas municipais, particulares, estaduais e federais da Região Metropolitana do Rio de Janeiro sobre a participação na escola hoje.
De modo geral, os resultados da pesquisa indicam que os estudantes se preocupam com os problemas da escola, mas na prática a principal medida que eles adotam é remeter os problemas à direção, aos adultos. Entre as crianças participantes da pesquisa, 42,1% disseram que é através de conversa direta com autoridades que elas dão sua opinião na escola. Para os jovens esta também foi a opção mais escolhida (39,8%). Os pesquisadores responsáveis pelo estudo acreditam que este e outros resultados indicam que estudantes percebem a escola como um espaço marcado pela hierarquia geracional onde eles estão na posição de quem sabe menos e, portanto, pode fazer menos diante das dificuldades. A pesquisa aponta outros resultados importantes sobre a experiência dos estudantes na escola. Tanto crianças quanto jovens demonstraram ter uma visão instrumental do ensino, ou seja, disseram que vão à escola para conseguir um emprego no futuro (60,3% das crianças e 45,9% dos jovens). Vale a pena lembrar que cento e oitenta educadores também foram ouvidos e a pesquisa apresenta também a visão destes adultos. Para além dos muros da escola, a pesquisa contemplou a maneira como os alunos percebem a realidade do país, quais problemas sociais os mobilizam mais e como pensam a democracia brasileira.
Desse modo, a designação Falatório alude a essas vozes, muitas vezes dissonantes e em outras consonantes, onde o pensar e discutir sobre participação e democracia, encontra, no espaço coletivo escolar, o lugar privilegiado de sua construção e reconstrução. Por essa razão, Falatório: participação e democracia nas escolas é mais do que a análise de quatro anos de pesquisa, é um convite e uma abertura para que o leitor também possa formular suas próprias questões sobre como é ser criança e jovem hoje no mundo escolar.