Nesse Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha Dia Nacional de Tereza de Benguela homenageia a luta e a resistência das mulheres no continente latino americano e do Caribe. Já são 30 anos de luta e resistência pregando a irmandade do continente e desde1992 que a mulheres latino americanas e caribenhas estão num processo de marcha unidas na luta contra o racismo e o machismo. Esse anos de luta e resistência leva ao chamado de Lélia Gonzales pela amefrica ladina unida contra o racismo, o machismo e patriarcado.
Desde 2018 respiramos os ventos na América Latina da marcha da mulheres pelos espaços de poder. Elegemos no Continente a 1ª mulher negra para uma vice- presidência da América Latina com a chegada de Epsy Campbell Barr. As eleições da Costa Rica levaram ao poder, pela primeira vez, uma mulher negra na América Latina, uma das fundadoras do Partido Accion Cuidadana (PAC). Agora em 2022 foi eleita Francia Márquez, advogada, ex-trabalhadora doméstica, ex-garimpeira e ativista em defesa dos direitos humanos e do meio ambiente. A advogada Francia é a primeira mulher negra a ocupar o cargo da vice-presidência da Colômbia.
No Brasil, homenageamos também a líder Quilombola Tereza de Benguela, símbolo de luta e resistência das mulheres negras, que viveu no século XVIII, no Vale do Guaporé (MT), e liderou o Quilombo de Quariterê. E aqui, inspiradas na “Rainha Tereza” desde 2015, com a Marcha da Mulheres Negras, que há uma articulação das mulheres rumo ao poder com a campanha da eleição de mulheres negras. Assim, as eleições representam um espaço de disputa pelo poder que pode levar as mulheres negras a espaços políticos que ajudem no fortalecimento da coletividade e ampliação de direitos.
E apesar dos retrocessos no país, com a eleição nacional em 2018, as mulheres negras continuaram a marcha iniciada em 2015 com a luta para que mais e mais mulheres chegassem ao poder denunciando o racismo cotidiano do governo brasileiro. Inspiradas em Marielle Franco, vereadora ativista assassinada no ano de 2018, agora a campanha pelo voto em negra se fortalece com o lema: Eu voto em negra, pelo fim do racismo e pelo bem viver.
Para a ABRAPSO é urgente buscar o fortalecimento da psicologia social no sentido do enfrentamento ao racismo e ao machismo nas américas, consolidando a luta antiracista. Para isso é preciso a construção de redes de enfrentamento ao racismo com ações de alianças afro-ladino americana, ladino amefricana como sugere Lélia Gonzalez (1988/2020) e como já o fazem mulheres negras, a quem saudamos nesse 25 de julho.
Autoria de Maria Conceição Costa.
Psicóloga, doutoranda em Psicologia Clínica pela UNICAP. Atual Coordenadora nacional da Articulação Nacional de Psicólogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es) (ANPSINEP).